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Quinze casos suspeitos de reinfecção pelo novo coronavírus estão sendo investigados em São Paulo. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina, que no início do mês acompanhava dois casos do tipo, agora passou a acompanhar sete pessoas, e montou um laboratório para se dedicar aos estudos. O HC de Ribeirão Preto, no interior do estado, investiga oito pacientes com suspeita de reinfecção.
Nesta segunda-feira(24) , cientistas de Hong Kong reportaram o primeiro caso confirmado de reinfecção pelo vírus. Trata-se de um homem de 33 anos, que contraiu Covid-19 em abril e depois testou positivo novamente em agosto.
A discussão sobre a suspeita de reinfecção em pacientes em São Paulo cresceu há duas semanas, com o relato de uma técnica de enfermagem de Ribeirão Preto. Ela apresentou os sintomas da Covid-19 em maio, data em que foi realizado o primeiro exame RT-PCR. O resultado deu negativo, mas, como os sintomas persistiram, o exame foi repetido no nono dia, confirmando a presença do vírus. No 10° dia, os sintomas desapareceram. No entanto, em 27 de junho, 38 dias depois, a paciente voltou a apresentar sintomas. Apesar de relatos diferentes, o novo RT-PCR deu positivo novamente.
Segundo Fernando Bellissimo, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e coordenador da pesquisa sobre reinfecção na universidade, o estudo sobre o caso da técnica de enfermagem foi finalizado e enviado nesta segunda-feira para publicação em uma revista científica de circulação internacional.
— Imagino que em aproximadamente dez dias a revista nos dê uma resposta. Se passar pelo crivo deles, significa que nossa suspeita de reinfecção foi referendada pela ciência, ou seja, darão crédito à nossa investigação.
O professor explica que, diferentemente do que ocorreu com o caso de Hong Kong, não foi realizado um sequenciamento genético do coronavírus no caso de Ribeirão Preto para fazer a análise. No entanto, o estudo se baseia em três fortes pilares:
— Pilar epidemiológico, mostrando que a paciente teve contato com pessoas que testaram positivo para Covid; pilar clínico, que significa ter sintomas típicos da doença no intervalo compatível com o período de incubação do vírus; e o pilar dos exames, já que o PCR e a sorologia deram positivo para Covid — diz o especialista. — O problema é que aqui a gente não costuma guardar as amostras, o que complica a comprovação como o pessoal de Hong Kong fez, mas para mim a prova definitiva é um conjunto de evidências — acrescenta.
Para Nancy Bellei, infectologista da Unifesp e coordenadora do laboratório que testa voluntários brasileiros para a vacina de Oxford, a publicação científica de um caso de reinfecção por Covid-19 não invalida os atuais estudos em andamento sobre imunizantes.
— Ter uma documentação sobre reinfecção era algo esperado, considerando o padrão do vírus respiratório. Isso não diminui o impacto que a vacina possa ter em termos de saúde pública.
No entanto, a especialista chama atenção para a análise que ainda precisa ser feita sobre os efeitos da vacina em cada organismo:
— A questão é como cada um responderá individualmente, e isso teremos de ver como serão as reações. O que a gente não sabia, continuamos sem saber, que é o papel que essa vacina terá a longo prazo e quando tempo deve durar no organismo.
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